O Crisântemo e a Espada: brilhante e instigadora cultura japonesa

Por Marina Urbieta

A escritora do livro “O Crisântemo e a Espada”, Ruth Benedict nasceu em 1889 na cidade de Nova Iorque. Em 1919, entrou para graduação na Universidade de Columbia e foi orientanda e aluna de Franz Boas, considerado o pai da antropologia americana, com quem concluiu seu Phd. Ruth também se tornou conhecida pelo livro “Padrões de Cultura”. “O Crisântemo e a Espada” foi escrito, em 1946, no contexto do fim 2ª Guerra Mundial, para entender o pensamento dos japoneses que se negavam à rendição pós guerra.

No título “O Crisântemo e a Espada” há uma relação que a autora faz a cultura do povo japonês. O crisântemo é uma flor amarela originária da China, mas que foi levada para o Japão. Hoje é um símbolo desse povo oriental e significa beleza, leveza e paz. Enquanto a espada, símbolo japonês, lembra a imagem de guerra, ferocidade e força bruta. Ambos representam essa população oriental em dois extremos opostos. Assim já se conclui, desde início, o que o leitor pode encontrar durante todo o livro: um povo, ao mesmo tempo amável,ao mesmo tempo feroz, isto é, dois opostos.

Ruth Benedict foi designada, por ser antropóloga, para conhecer mais sobre a cultura japonesa, até então indecifrável e que surpreendia a cada momento naquele fim da 2ª Guerra Mundial. No primeiro capítulo, a autora retrata quais os meios ela utilizou para desvendar esse povo, sem poder está no Japão. Foi através de pessoas orientais que conhecia ou que estavam pelo seu caminho com quem ela conseguiu êxito. Ao longo deste capítulo é mostrado que, assim como ela, ninguém conhecia nada sobre o Japão. Os resultados, aos poucos, foram se tornando surpreendentes e, até eu como leitora fiquei chocada, ao mesmo tempo surpresa, com as revelações que ocorre ao longo do livro.

O título justifica o livro. O Japão é um país dos extremos. As pessoas de lá, em certo momento podem ser gentis como podem ser bem hostis; ao mesmo tempo que há a educação, há a má receptividade. Elas, em geral, são ambíguas. Mas esse choque com a realidade acontece pela falta de conhecimento que temos de uma outra cultura que não a nossa, Ocidental, que tenta rotular padrões e o que se desvia dessa norma imposta é visto como estranho. E eu, como leitora, questiono: será que essa realidade que conhecemos, de uma outra cultura, faz parte da realidade inventada pela mídia? Aquela em que se segue formas de manipulação e que se encaixam no padrão de ocultação, na inversão e na fragmentação da informação? Mas isso seria um debate para outro texto.

No segundo capítulo, Ruth conta como se portavam os soldados japoneses na Guerra e quais eram seus objetivos. Eles lutavam não pela igualdade, como o povo ocidental, mas por uma hierarquia. Esperavam se tornar, na hierarquia mundial, que queriam construir, os mandatários.

Ela escreve também sobre valor que dão ao espírito, diferente do que é material; Os japoneses durante a Guerra tiveram muitas peculiaridades, todos aqueles que eram feitos prisioneiros preferiam morrer a voltar para casa desonrado. Eles tinham as mesmas atitudes quando era levados enfermos para hospitais, e muitos deles se suicidavam. Assim, como dito acima, era melhor um espírito honrado, do que um corpo que traria desonra à família.

Como fez-se notável, na cultura japonesa a honra impera sobre os clãs familiares e sobre as pessoas inseridas neles. A autora, nos capítulos finais, então, debate o que ela chama de cultura da vergonha, do povo oriental, e a cultura da culpa, do povo ocidental. O primeiro tem a ver com a honra, intrínseca ao povo japonês. Dentro deles, as pessoas agem de acordo com a lei que foi estabelecida, que acaba sendo regida também pelo governo. Analogamente, é como se tivesse um “olho” que vigiasse todos eles e se uma pessoa comete algum ato que infrinja as regras dessa sociedade esse “olho” a pune. O seu clã o afasta e o trata com desonra eternamente. Por outro lado,na cultura da culpa, não existe esse “olho, esse sentimento é passageiro e individual. Cada um sente a culpa do que acha ter feito de errado. Caso tenha cometido pecado, logo o indivíduo confessa, seja com um padre, ou internamente, para ele mesmo, prometendo nunca mais fazer e a punição está paga, a culpa se vai. Uma das principais diferenças entre esses extremos é que cultura da vergonha forma regras, da culpa, não. Então Ruth discorre sobre isso nos seus capítulos finais e é muito bom para refletir e perceber que as duas culturas ainda persistem em ambos os povos, seja no ocidental seja no oriental. Se for procurar mais sobre isso, você encontra vários sites estendendo esse assunto para diversos campos, um deles é para internet. Vale a pena conferir.

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