Crítica: Mutações em Educação segundo McLuhan

Crítica Literária do livro “Mutações em educação segundo McLuhan”, de Lauro de Oliveira Lima.

Por Lorena Rocha

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Formado em Direito e Filosofia, Lauro de Oliveira Lima (1921 – 2013) foi um pedagogista brasileiro conhecido pela sua atuação política na educação.

Em seu livro “Mutações em educação segundo McLuhan”, Lauro critica o método de ensino, e apesar do livro ser escrito em 1971, se faz presente nas escolas tradicionais ainda hoje.

O livro explica a origem do modelo de ensino vigente, que começou na era medieval, no qual o professor “recitava” pergaminhos e papiros para os alunos e discorre o porquê desse método ser ultrapassado e ineficiente nos dias de hoje.

Graças aos meios de comunicação de massa e a globalização, os alunos de uma certa forma, têm poder e capacidade de se informar sem a ajuda do seu professor. Com os recursos infográficos e audiovisuais, um simples fato que ocorre do outro lado do mundo, é noticiado com sua história, seu contexto político, social e econômico, com imagens, tabelas e gráficos coloridos que facilitam a compreensão dos fatos. Se o jornalismo cumpre esse papel da forma que deveria é outra conversa. Aqui, o que discute é de como a educação se modifica na sociedade da informação.

A cena de alunos confinados em uma sala, em frente à um quadro negro, com um professor andando de um lado pro outro com suas aulas decoradas e repetitivas é incompatível com as possibilidades de aprendizados que os meios de comunicação modernos oferecem. Lauro sempre traz à tona essa imagem para exemplificar suas teses e não é muito difícil de se recordar no ambiente.

O processo escolar baseado na memorização não estimula a inteligência do indivíduo. A inteligência é “ativada” diante de uma situação-problema. A escola não desafia e nem desenvolve os alunos, apenas os pressionam (através de exames e “notificação do desempenho”) à ficarem cada vez mais mecanizados e escravos de suas memórias. O famoso e (nenhum pouco) querido vestibular.

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Lauro deixa bem claro como o mundo se “atualizou” e a escola ficou para trás. Na Era da Revolução industrial, esse método mecanizado funcionava bem, pois as pessoas nada mais eram que meras mão de obras que fariam a mesma coisa no mesmo jeito. Lauro frisa que “educar já não é prever as necessidades sociais, mas preparar os jovens para o imprevisível”.

Diante dessa situação, ele propõe em seu livro, a técnica de “dinâmica de grupo”, uma resposta ao método de ensino tradicional. O papel do professor não é somente de uma falador monótono, mas alguém que incite e estimule seus alunos ao debate e a discussão, valorizando a pluralidade de opiniões.

A palavra engajamento aparece quase sempre em negrito durante o livro. Fica bem evidente que se torna a palavra chave para a “educação do futuro”. Mas porquê? Lauro explica que ao alunos como plateia, não favorece o interesse por parte deles. Se em 1971 isso já era evidente, imagina em pleno 2016, onde os gadgets e um fone de ouvido simplesmente te levam ao outro lado do mundo, proporcionam diversão, conversas paralelas e uma música de background que o professor nem é capaz de notar.

Engajamento, no sentido de pegar toda a energia da sala e converter em participação. É participando que se “prende” o aluno, ou seja, é que a motivação para o aprendizado parta do próprio indivíduo, e não de um terceiro. Outra palavra que aparece várias vezes ao decorrer do livro é cooperação, “que diferente do trabalho individual automatizado na linha de produção, só é possível mediante engajamento, como num jogo coletivo.” O lúdico, criatividade, diversidade, personalidade, originalidade desenvolvem tanto intelectualmente quanto a formação cidadã.

Em um pequeno livro de 63 páginas, com uma leitura tranquila (com algumas palavras difíceis, mas nada que o Google não resolva), Lauro te faz perceber que você cresceu e ainda está numa sala de aula competitiva mas que os tempos estão mudando. A educação está relutando em mudar, e não porque quer, mas porque precisa.

Uma expressão particularmente me chamou atenção e mesmo de 40 anos depois, não pode ser mais atual. A discussão do livro pode até ser outra, mas o vídeo abaixo se encaixa perfeitamente com o termo “engajamento” do livro com a seguinte frase:

“Haverá um dia – talvez este já seja uma realidade – em que as crianças aprenderão muito mais – e muito mais rapidamente – em contato com o mundo exterior do que no recinto da escola.” (McLuhan)

Link vídeo: (clique aqui)

Um comentário

  1. Boa crítica. Seria interessante pensar em porque um livro de 1971 comparece nesse momento? Ainda que o texto defenda sua atualidade, é importante destacar um aspecto em particular para justificar essa escolha. O livro teve nova edição? Foi comentado por algum personagem? Uma outra dica é uma revisão cuidadosa, para evitar pequenos problemas de construção textual.

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